Dia dos Pais!
Quando o sol ainda não havia cessado seu brilho, Quando a tarde engolia aos poucos As cores do dia e despejava sobre a terra Os primeiros retalhos de sombra Eu vi que Deus veio assentar-se Perto do fogão de lenha da minha casa Chegou sem alarde, retirou o chapéu da cabeça E buscou um copo de água no pote de barro Que ficava num lugar de sombra constante. Ele tinha feições de homem feliz, realizado Parecia imerso na alegria que é própria De quem cumpriu a sina do dia e que agora Recolhe a alegria cotidiana que lhe cabe. Eu o olhava e pensava: Como é bom ter Deus dentro de casa! Como é bom chegar a essa hora da vida Em que tenho direito de ter um Deus só pra mim. Cair nos seus braços, bagunçar-lhe os cabelos, Puxar a caneta do seu bolso E pedir que ele desenhasse um relógio Bem bonito no meu braço Mas aquele homem não era Deus, Aquele homem era meu pai E foi assim que eu descobri Que meu pai com o seu jeito finito de ser Deus Revela-me Deus com seu Jeito infinito de ser homem.
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